quinta-feira, 7 de julho de 2011

Madrugada

O seio dela subia e descia, no torpor ritmado da respiração adormecida.

À meia luz do quarto, naquela madrugada fria de Janeiro, a pele morena parecia brilhar, iluminada pelo rasgo de lua espreitando timidamente pela cortina da janela do motel.
Lenta e gulosamente, ele olhou-a, relembrando a noite anterior.

Só de pensar crescia-lhe velozmente o desejo por entre as pernas, nascendo de novo a vontade de possuir aquele corpo, aquela fêmea que se lhe unia em desejo, aberta e húmida.

Tinha-a possuído, uma e outra vez, até ambos sentirem o suor como uma segunda pele e o cansaço lhes toldar o olhar.

E, no entanto, poucas horas passadas, mal acordado e olhando-a assim, com o basto cabelo negro lançado na almofada e o corpo maduro atirado na cama, percorria-o já a fome de mais uma vez a fazer sua.

Cuidadosamente, colocou os dedos, ao de leve, no estômago liso. Ela não se moveu, perdida talvez em sonhos aconchegantes.

Sem um som, ele moveu-se com cuidado, colocando-se por cima do corpo dela, mas sem lhe tocar... os dedos subiram ao seio que cantava à lua, iniciando o toque. Meio a dormir, ela sentiu-se tocada, reconhecendo imediatamente o calor, a geometria daquela pele.

Afastando-lhe docemente as pernas, ao mesmo tempo que intensificava a pressão dos dedos no peito, ele soube que ela havia acordado. O corpo dela, quente e ainda dormente, aconchegava-se às suas carícias, contorcendo-se ligeiramente, num imperceptível sinal do gozo antecipado.

Molhando os lábios, ele começou a desenhar traços de saliva na barriga dela. Os dedos desceram-lhe às virilhas, passando ao de leve. O corpo nervoso dela denunciou o desejo que se acumulava. Continuava de olhos cerrados, mas a tensão era já visivel na postura de convite que as pernas, abertas, faziam.

Desceu a língua, mais. Movimentos espirais humedeciam-lhe (como se fosse preciso, molhada como ela estava, pronta, de imediato, para o receber no seu colo!) o sexo, desciam os dedos, abriam-na mais...

Num repente, enfiou-lhe os dedos, sentindo o corpo dela arquear-se de imediato. O prazer que lhe sentia enrijeceu-lhe o sexo e acabou de o enlouquecer. Gostava de a sentir assim, nas suas mãos, massa de barro para ele moldar no seu desejo.

Com a língua, massajou-lhe o clitóris, e sentiu-a gemer. Ela agarrou-lhe na cabeça com força, encostando-o mais contra si, misto de pedido e ordem, excitando-o. Era agora ela quem se arqueava facilitando a penetração dos dedos e a língua que, cada vez mais depressa e com mais força, a enlouquecia.

Sentia-a estremecer, era altura.

Não conseguia mais esperar.

Separou-se dela perseguido por um meio queixume da sua boca, e imediatamente lhe abriu com força as pernas, penetrando-a sem aviso. Ela gritou, mas no seu grito ecoava o nome dele e todo o desejo que lhe consumia o corpo.

Finalmente, abriu os olhos, para lhe pedir, sem palavras, que a deixasse ser a mestra, e ele o aluno.

Sorrindo, ele deitou-se docemente na cama, puxando-a para cima de si, e sentindo-a enterrar-se na carne molhada do seu sexo.

Puxando-lhe as mãos para trás, ela fechou os olhos e iniciou a sua dança, que ele tão bem conhecia. Cada centímetro do seu corpo entregue ao acto de ter e dar prazer, cada pedaço de pele transpirando o desejo que lhe tinha.

Juntos, perdidos, uma vez mais, subiram a escalada febril até ao orgasmo, num grito surdo de mistura de sabores, sentidos e vontades, vagueando no limbo embriagante do prazer...
Acabada a dança, corpos exaustos, lado a lado, desenham o futuro com os dedos das mãos...

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