quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Depressa, depressa...

As noites já se me consumiam em fantasias, onde eras presença assídua.
Agora, alarvemente, ocupas-me também os dias, essa tua imagem gulosa assaltando-me a paz, de improviso.

Ao telefone desfio-te histórias inventadas de safadezas e cambalhotas, instigando-te o desejo. Como uma chama, sobe-te depressa pelo corpo acima, e a tua voz desfaz-se na urgência rouca de quem me chama até ti.

Louca que sou, vou.

Abres-me a porta a medo, a vergonha do primeiro encontro estampada na cara, o medo de que a mensagem não tivesse ecoado certa dentro de ti, a excitação de sabermos que nada daquilo, nunca, poderá transpirar para fora das paredes do teu quarto.

São segundos apenas de dúvida, que morre quando o teu olhar ansioso se delonga no meu e encontra o eco da paixão tão refreada.

Quando o teu braço me puxa a cintura para a colar à tua e unes a tua língua à minha, e começo a sentir, ardente, a tua erecção entre as minhas pernas.

Encostas-me à parede.

No misto do medo de sermos surpreendidos, a urgência não se disfarça, e é preciso chegar à meta. Tem de ser agora, tem de ser hoje, ou perderemos para sempre a coragem que temporariamente nos bafejou.

Por isso as tuas mãos percorrem-me agitadas, por isso a tua boca me sufoca com beijos, por isso nos despimos apressadamente no teu quarto, por isso me empurras para a cama e roças o teu sexo em mim, e eu molhada que estou suspiro de pura tesão.

O tempo esgotou-se para preliminares escusados, que o desejo é mais do que o corpo aguenta e os segundos para o prazer se esgotam depressa.

Guio-te até mim, como uma ordem, a mão envolta no teu sexo duro, a outra provavelmente enterrando as unhas nas tuas costas que se inclinam para mim, já não sei, não me conheço, perdi-me no gozo de te sentir a penetrar-me, de te saber tão abandonado quanto eu.

As minhas pernas apertam-se à volta desse teu rabo (que tantas vezes olhei de soslaio, o desejo dissimulado) perfeito, puxando-te mais e mais, animando-te a foderes-me com gosto e profundidade.

Os teus olhos não largam os meus e ambos arfamos na doce violência da entrega, mais depressa, e mais depressa, e devagar, e mais depressa, e os espasmos nos sacodem quando o prémio final se aproxima gigante, possante, este orgasmo tão sonhado e que agora se grita na boca e no corpo, e que temos de calar com um beijo final.

E ouvimos a chave na porta - que felizmente trancaste (...que explicação inventarás tu?) - e a voz inquisidora do lado de fora, e a urgência que acabara de nos deixar volta pelo mesmo caminho, risos abafados vestindo-nos à pressa, tu uns boxers e uma t-shirt ali largadas, eu tentando enfiar o vestido que se recusa a passar-me nos ombros, teimoso, não encontro as cuecas depois terás de as procurar, calço as sandálias enquanto gritas "um momento, vou já", páro-te um segundo apenas para deixar o meu rasto de saliva na tua boca e salto pela janela (graças a Deus que vives num rés-do-chão!) enquanto finalmente abres a porta e balbucias uma desculpa que já não ouço.

Foi por pouco, mas como que me viciei na adrenalina de te comer assim, descaradamente à pressa.
E quero mais.

Vou-me rindo pela rua fora, toca o telemóvel e dizes-me, desavergonhado: "quando me vens ver de novo?"...
Parece que também lhe tomaste o gosto.

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