sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Desejo escondido

Os teus olhos pousam-me no decote do vestido, gulosamente.
(ou é imaginação minha?)
Inclinas-te da varanda para me dar os beijinhos da praxe, que reclamas entre risos, eu na pressa de me ir embora de ti, da tentação sem camisa que personificas, eu imaginando-me já contra uma qualquer parede enquanto me aspiras o perfume da pele e as minhas unhas finalmente encontram o caminho desse teu peito de miúdo-homem.
Quero afastar-me, dás-me conversa.
(adivinhas tu o desejo que escondo por detrás da boca que se tenta acalmar em conversas banais quando o que quer mesmo é murmurar-te que me fodas com força?)
Deixa-me ir à vida de todos os dias.
Fala-me do que quiseres mas não me fales com esse corpo que quero apertado contra o meu, em suor e prazer.
Até prefiro que abras a boca e me mostres aquilo que não amo em ti, pode ser que assim esfries a inevitável tesão que sobe por mim acima de cada vez que me cruzo contigo.
Nunca me vais acelerar o coração com paixão, nem me vais fazer cruzar oceanos por amor.
Mas sempre me consegues deixar ébria de vontade de te sentir debaixo de mim, por dentro de mim, de te cavalgar como se não houvesse amanhã.

Só que há.
E, pelo menos por hoje, as pernas ainda me levam, fielmente, para longe.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Solta o teu instinto em palavras...