segunda-feira, 12 de março de 2012

Afrodite

Ele sentiu-lhe o perfume dos cabelos quando ela se inclinou para apanhar algo, e o velho desejo não satisfeito foi como um punhal cravado no corpo.
Instintivamente inclinou-se para ela, que ao subir não pôde evitar o roçar dos lábios um no outro.
Apanhou-a assim, com os braços segurando-lhe as costas, sentindo a pele quente, procurando-lhe a boca agora com maior certeza e pressentindo o desfazer das defesas dela a pouco e pouco.
As línguas tocaram-se, descobrindo um gosto mútuo a café e mentol.
E a vontade crescendo, latindo debaixo da pele.
O escritório ainda vazio, àquela hora da manhã.

As mãos dele procuraram-lhe o seio direito, com uma urgência que ela nunca lhe tinha visto. Por debaixo do vestido leve de Verão palpitava-lhe forte o coração, misto de medo e volúpia.
O corpo dele pressionado contra o dela lembrava-lhe constantemente do quanto ele a queria, ali, agora, naquele momento tão fugaz no tempo (que escasseava, a cada segundo), naquele lugar tão impróprio para luxúrias carnais.

Mas luxúria carnal era tudo o que ela conseguia pensar no momento, e deixava-se ir na fantasia, nas mãos fortes e rugosas, no corpo trabalhado, no sabor a macho no cio que a pele dele desprendia.

Foram-se encaminhando para a mesa grande, sem nunca se largarem.
Ela encostou-se contra o tampo, ele afastou-lhe as cuecas vermelhas com os dedos e tocou-lhe no clitóris molhado, suspirando.
Ela gemeu e começou rapidamente a desapertar-lhe as calças, libertando o sexo másculo, duro e hasteado.
Conduziu-o sem mais demoras para dentro dela, que em breve aquele inócuo lugar de paixão estaria vibrante de outras vidas atarefadas.

Foi como o ceder de uma ponte durante um terramoto.
A urgência alimentou-os como uma fogueira de consumo rápido, e entregaram-se sabendo que o tempo os atraiçoava deveras.
Mas nem o sentir de barulho vindo do andar de cima os impediu de gozar um orgasmo mútuo tirado às pressas e com vontade, numa cumplicidade não estudada mas que saiu perfeita, assim, cozinhada em lume forte e rápido.

Sacudiram o cheiro um do outro e recompuseram-se mesmo a tempo do "Bom dia" do colega que espreitava, inocente, do topo das escadas.

Depois daquele dia ela não conseguia evitar um sorriso interno de cada vez que tocava na mesa no preciso lugar em que ele a havia possuído e feito sentir fêmea, desejada, poderosa, Afrodite. 

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